segunda-feira, 19 de março de 2012

Outono em vista

Mais um texto da série prosa poética, depois de uma ausência não planejada. Boa leitura a todos,
manon+
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O cru e o cozido de M

Um guizado de rebelião e alegria.
Uma salada de finas estrias, cortadas em mandolin, do doce e do amargo, do aéreo e do terrestre.

Um assado em forno lento de melancolia e tragédia.
Uma carne louca de panela com sabor de útero prolífico.

Um creme em arco-íris reforçado com maçarico.
Um bolo mexido em águas revoltas de ceticismo e compaixão, fé e desespero.

Um suflê das forças elementais, salpicado com flores policromadas e pó de pirlimpimpim.  
Uma mousse de alquímicas cores – o branco, o preto e o vermelho - em taças de finíssimo cristal.

Isto era o seu isso.




Agora, o que mais desejava era obter uma mistura ampla e profunda de tempo, espaço e silêncio.
Para degustar tudo, em ritmo de bicho-preguiça, pelo resto dos seus dias.
E só.