segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Axé!

Olá, visitantes!

Nesta tranquila segunda-feira de Carnaval, levo a vocês mais um texto que escrevi, da linhagem "prosa poética". Um ótimo feriado a todos!

manon+


Aluvial

Visões de ácido lisérgico. Trickters orquestrando a cegueira. Voluteou, carrapeta sem chão. Embarcou.

Em êxtase, tal e qual Santa Teresa, consumou o fatal equívoco. Suspenso o tique-taque dos relógios. E a marcha das estações do ano. Livres todos os bichos de estimação. Bem-vindos os puros alados com o confiante estandarte.

Então o salto com a perfeita moldura de rios e canoas, orlas e veleiros, pescadores e crepúsculos, zéfiro e cocais. Virou marionete, em espiral descendente: tibungo nas (ainda) insuspeitas águas. Onda, onda, onda – um relâmpago e a quebra na arrebentação.

Foi o último dos erros, prometeu-se. 

Aquelas três palavras, agora acorde congelado; e faíscas do fogo de palha ainda a girar em falso até que. Silêncio na caverna. Corpo em rebelião, furor nas entranhas. Finado este ciclo. Desperdício?

Hoje seres bestiais escarnecendo, o rangir de noviças vozes corroendo a mínima fé. Cheiro de pólvora nas veias, lâmina afiada pela dor: sem rodeios cortou a cabeça do mestre. Não houvera nenhuma réplica, não ouvira fátuas litanias, então arrebentara as correntes.

Amputado o próprio coração e restituídos gota a gota os ossos do espírito, há pouco se juntou à legião dos desmortos.
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Quase dezembro. Tudo mudara nas alamedas do parque, depois da erosão.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Livrarias bacanas pelo mundo

Acabo de esbarrar nesta matéria e não resisti. Então, vou postar o link para os outros ratinhos de livrarias e sebos.
Bjs,
manon+

http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/livros/album-de-fotos/7-belas-livrarias-para-visitar-ao-redor-do-mundo

Pobre poema

Postando mais um texto para o barco continuar navegando. Desculpas pela pobreza na rima, esse negócio de rima rica é trabalho de ourivesaria sem tempo pra terminar...Então, segue o esboço.
Bjs,
manon+


In memoriam


Ele, aviador nômade,

Ela, faminta de céu.

Colisão, eletrochoque.

Combustão, mausoléu.


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Tradução e masoquismo

Assumi diante de pessoas conhecidas um certo masoquismo referente ao fato de gostar tanto de traduzir, dadas as dificuldades imensas dessa tarefa.
Compartilho um link que acabei de receber com um artigo que trata justamente do tema. Compara-se o  tradutor a um invisível mordomo, que só é percebido quando se mete em encrenca. Aí vai:
Bestiários

Prosa poética & gêneros

Este é um dos meus primeiros textos classificados como "prosa poética". Embora desconfie dos gêneros, eles parecem se fazer necessários. Há uma busca por definição das expressões criativas desde sempre, onde quer que a arte - ou aquilo a que chamamos de arte - se apresente. Outros diriam que o que importa é a qualidade literária (neste caso) o que também surge como algo quase da ordem do imponderável, que depende quase sempre de um argumento de autoridade. Quero dizer, daqueles que são reconhecidos no meio literário como pessoas capazes de emitir um julgamento sobre o que seria ou não "literatura".
Mas talvez um leitor atento e dedicado, embora anônimo, tenha a sensibilidade precisa para ler algo e perceber intuitivamente se essa qualidade está lá ou não. É quase mágico este momento! E acontece o tempo todo para os viciados em leitura. 
Espero que apreciem, então, a "prosa poética" do texto abaixo, cuja "história" teve vergonha de aparecer de corpo inteiro e só conseguiu mostrar-se em silhueta subjacente e escorregadia.

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Extravio no. 2

Novo exílio. Choques. Renovação? Disparate.
Pouco te arredarás de ti, embora tempo e espaço. Memória sem escape. Dores e dúvidas, sempre.
Fora, o concretado design do horizonte. Aqui, o verde e as ondas.
Nostalgia. Cidade feliz nunca mais? Mas trouxeste a floresta contigo...
Dormes, amanhã serás nascituro.  Pele nova, guerrearás com o dia, transmutarás. Como o azul da morpho didius entre os arranha-céus.
Divino dia, maligno ar - mas haverá protestos de agapantos e clerodendros...e da plena lua a engravidar os globos do mundo. Safira no céu. Cinza no perto. Preto em corpos andantes.
Começou. Sem a curva do tempo, resta deixar-te ir.
Para onde? Adiante, talvez.
Não queiras saber do impossível. Vive o mistério.
Aceita o contingente.
O que precisas. O que se esvai. O que fica?
E todo o resto.
Nada além disso. Nada além do que deve ser cumprido.
Tudo o mais é engano. Maya.
Amor em branco. Pane. É a lei desta era: noli me tangere.
Extinto o afeto, após o excesso dos bárbaros.
Pílulas para o prazer. Mudez. Solitude.
Naqueles dias.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Imaginário e arte em Van Gogh

Em 2004 defendi mestrado na área de Antropologia do Imaginário da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) com uma dissertação intitulada Arte e Sensibilidade: as estruturas figurativas no universo de Vincent van Gogh.
A banca aprovou o trabalho com distinção e louvor e indicou o texto para publicação. Entretanto, até hoje não consegui meios de publicá-lo.
Para este ano, pretendo ir com mais afinco e persistência em busca de apoio para a publicação.
Anexo abaixo o resumo técnico desta pesquisa que consumiu cinco anos da minha vida, mas Van Gogh fez valer cada momento. A linguagem é meio específica, com jargões acadêmicos, mas no futuro espero postar aqui a notícia da publicação em livro, com o texto já devidamente revisado para o público em geral.



Ode à palavra

Ser não mais carpideira,
mas carpinteira da tua matéria
tátil e pedregosa e sutil e violenta.
Regente a orquestrar sons e imagens,
pintor a harmonizar tintas
e estampar arco-íris e lápis-lazúli
no teu corpo (ainda) descarnado.

Escultor a martelar e torcer e entortar de novo
tuas dobras e retas e oblíquas,
e tuas superfícies rugosas,
e a dar à tua carne a forma primordial e futura
que quisestes desde sempre.

Guerreiro a travar batalhas em teu nome
no espaço-habitação de três mil outras mônadas,
grileiro a estiolar teus outros nomes dos livros-pai
e tuas infindas tropelias das obras-mãe.

Deixar que repouses como iceberg sob as águas
e só mostrares os pingos dos is,
enquanto o profundo só se dá
ao que é capaz do divinatório.
Comer-te, beber-te, sonhar-te,
pois só você me restou.
Mas que esplendoroso resto és tu!
E nada mais me faltará.





Licença Creative Commons
O trabalho Ode à palavra de Maria Helena Vieira de Araújo foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença em http://overboescarlate.blogspot.com/.

Primeiros passos

No início, lá bem no comecinho, eram os rabiscos em qualquer lugar.
Depois, um caderninho exclusivo.
Mais adiante, outros cadernos e blocos de anotações.
Alguns sobre emoções que só o papel em silêncio podia conter.
Outros eram observações - a maioria cheias de assombro - sobre o exercício de viver.
E ainda muitos em substituição a cartas jamais enviadas, quando a timidez se fazia déspota.
Quase todos prometidos ao fogo, em núpcias de cinzas futuras.
Do que sobrou, hoje: reunir, organizar, revisar. Agir, enfim, em prol da transmutação.
Um dia, quem sabe, chegarão até leitores. Pois - dado que Vanitas vanitatum, omnia vanitas - aquele que escreve em geral quer deter o privilégio de ser lido.
Bom dia a todos os navegantes!
manon+

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Tirando as letras do armário

Parece que o tempo é agora.

Depois de escrever durante anos sem ter coragem de mostrar os textos a nenhum vivente - conhecido ou desconhecido - vou começar a caminhada. Nesta trilha, espero não só escrever mais e melhor, mas também ser lida. Com todos os riscos inerentes ao que me proponho!
Além disso, é a minha experiência como "blogueira"! O novo tanto assusta quanto fascina, então é deixar de lado os receios e a insegurança e simplesmente começar. Desculpas antecipadas pelas falhas de marinheira em primeira viagem...

Estou disposta a compartilhar e espero ser uma boa companhia. E desejo encontrar muitos outros amantes do verbo pelo caminho.

Um abraço inaugural de,

manon+